terça-feira, 21 de junho de 2011

Tipologia textual (descritivo)

Ali naquela casa de muitas janelas de bandeiras coloridas vivia Rosalina. Casa de gente de casta, segundo eles antigamente. Ainda conserva a imponência e o porte senhorial, o ar solarengo que o tempo de todo não comeu. As cores da janela e da porta estão lavadas de velhas, o reboco, caído em alguns trechos como grandes placas de ferida, mostra mesmo as pedras e os tijolos e as taipas, de sua carne e ossos, feitos para durar toda a vida; vidros quebrados nas vidraças, resultado do ataque da meninada nos dias de reinação, quando vinham provocar Rosalina (não de propósito e ruindade, mas sem-que-fazer de menino), escondida detrás das cortinas e reposteiros; nos peitoris das sacadas de ferro rendilhados formando flores estilizadas, setas, volutas, esses e gregas, falta muito das pinhas de cristal facetado cor de vinho que arrematavam nas cantoneiras a leveza daqueles balcões.

Um recuo no tempo pode se tentar. Veja a casa como era e não como é ou foi agora. Ponha tento na construção, pense no barroco e nas suas mudança, na feição do sobrado, na sua aparência inteira, apartada, suspensa (não, oh tempo, páre as suas engrenagens e areias, deixe a casa como é, foi ou era, só pra gente ver, a gente carece de ver; impossível com a sua mediação destruidora, que cimenta, castradora); esqueça por um momento os sinais, os avisos surdos das ruínas, dos desastres, do destino.


Aluna; Marlene N; 34 Serie; 3 ano B